no ano do jubileu, fincada foi a argola em minha orelha.

Sempre escrava. Escrava de mim, de minhas paixões, minhas vontades. Escrava da opinião de outros. Escrava das expectativas alheias. Escrava dos meus pecados. Escrava do sistema mundano. Escrava de meus ídolos e de cada um dos altares que construí. Escrava do ideal ludibriador que sussurrava aos ouvidos de meu coração escravo que a melhor escravidão seria de minha própria liberdade.

Até que Ele quebrou minhas algemas e pôs fim à minha maldita servidão. Me deu dignidade, um nome, novas vestes, e um lugar em Sua própria mesa.

Ele me fez escrava! E então percebi que não havia melhor Senhor que pudesse me chamar de Sua.

Me ensinou a cantar, iluminou minha alma com Sua luz radiante, floresceu os jardins de meu interior, e regou com esperança a terra de meu coração.

Mais uma vez escrava. Escrava d’Ele para provar todos os dias do privilégio que é Lhe servir. Escrava d’Ele para ser atingida todos os dias por Seu amor – que nunca erra o alvo. Escrava d’Ele para provar de real liberdade. Escrava d’Ele para aprender a ser perdoada, e receber novas chances.

Escrava porque Ele escravo Se fez. Reduziu-Se a nada, esvaziando-Se por completo. E foram de Suas costas que os chicotes rasgaram a pele. Foi d’Ele que fluiu o sangue do espancamento e da tortura. Foi n’Ele que minha escravidão maldita foi vencida, e minha bendita escravidão foi conquistada.

No sétimo ano, eu não havia mais alternativas. Era Sua por completo, e havia amado minha vocação de serviço e obediência. Havia entendido que apenas sendo escrava d’Ele provaria de verdadeiro amor e liberdade.

Fui levada às portas da cidade, diante de cada uma das testemunhas. No ano do jubileu, fincada foi a argola em minha orelha. Para sempre, eu seria Sua escrava, e de mais ninguém.

"Se, porém, o escravo declarar: ‘Eu amo o meu senhor, a minha mulher e os meus filhos, e não quero sair livre’, o seu senhor o levará perante os juízes. Terá que levá-lo à porta ou à lateral da porta e furar a sua orelha. Assim, ele será seu escravo por toda a vida."

(Êxodo 21:5,6)