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quando a urgência rouba o lugar da importância.

  • Foto do escritor: gabriele arruda
    gabriele arruda
  • 15 de jun. de 2024
  • 6 min de leitura

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Muitas coisas são urgentes. No entanto, muito poucas são realmente importantes.

 

Numa era imediatista e descontrolada em apressar-se, nos encontramos presos a compromissos, responsabilidades e idealizações, que sempre se apresentam com um senso indelicado de urgência.

 

A política é urgente! O status social é urgente! Os diplomas são urgentes! A ascendência profissional é urgente! O dinheiro é urgente! Os sonhos são urgentes! Os prazeres são urgentes! A vida terrena e cada uma de suas vaidades são um aglomerado de ações inconstantes em movimento de urgência.

 

Rodeados pela melodia do imediatismo, aprendemos a dançar conforme a canção - e ela é freneticamente veloz.

 

No entanto, em meio a tanta urgência, o que de fato é importante?

 

Eu deveria ter uns 7 anos quando meu pai me contou a história de uma mulher que caminhava numa floresta com seu filhinho. Em meio às muitas árvores, ela avistou o que seria uma espécie de gruta, da qual ecoava uma voz dizendo: "entre e conheça todas as minhas maravilhas!". Encantada com aquele som, a mulher entrou, segurando a mão do menino. Ao adentrar, avistou diversas joias e tesouros preciosíssimos. A voz lhe disse: "eu lhe darei alguns segundos para pegar tudo o que conseguir, mas quando o tempo acabar, você deverá correr, pois tudo ao seu redor desabará." A mulher se preparou, e com o coração palpitando e os olhos brilhando, começou a pegar tudo o que conseguia. Quando a voz começou a contagem regressiva, a mulher ainda estava recolhendo algumas joias, e quase que por um triz, não teria conseguido escapar. Ela saiu de lá no último segundo, e assim que se viu na floresta novamente, a gruta havia sido derrubada por completo. Seu primeiro pensamento foi: "ainda bem que consegui pegar tudo, e estou a salvo aqui fora!". No entanto, dois segundos depois, a mulher se deu conta: ela havia esquecido seu filho na gruta que acabara de desabar. Ela abriu mão do que era importante, por causa daquilo que era urgente.

 

Em nossa vida, muitas coisas podem ser urgentes, mas pouquíssimas são, de fato, importantes. Um desafio que temos ao encarar essa realidade, é estabelecer um padrão pelo qual definimos e distinguimos urgência e importância.

 

Eu diria que um dos aspectos que mais podem nos ajudar nessa distinção, é observar a constância da necessidade.

 

Coisas urgentes não são urgentes para sempre. Mas as importantes têm seu valor perdurando pela eternidade.

 

Coisas urgentes uma vez solucionadas, não têm mais valor ou utilidade. Mas as coisas importantes não são assim, afinal, elas não precisam de solução. Ao invés disso, elas demandam manutenção e cuidado, e quanto mais atenção recebem de nós, mais seu conceito cresce em nosso interior.

 

(Antes de ler o próximo parágrafo, leia Lucas 10:38-42)


Para ajudar, vamos voltar 2000 anos na história, e ir em direção a um pequeno povoado israelita chamado Betânia, no subúrbio de Jerusalém. Pense numa casinha comum, e entre nela. Ao entrar visualize duas mulheres. Uma está sentada aos pés de um homem muito sábio, um verdadeiro Mestre, aprendendo sobre tudo o que Ele fala; seu nome é Maria. A outra está pondo ordem na casa, colocando todas as coisas em seu devido lugar, limpando os cômodos e cuidando dos preparativos para a refeição; ela se chama Marta. Ambas eram anfitriãs, responsáveis pela hospitalidade, conforto e boa estadia de seus visitantes. As facetas que compunham tais responsabilidades eram muitas: limpeza, conforto, organização, boa alimentação, afetividade. Com certeza, manter tudo isto em ordem era muito urgente. No entanto, apenas Marta se esforçava em cumprir essa demanda de urgência. Maria estava ocupada fazendo outra coisa. Ela não tinha pressa, não estava num ritmo frenético; não estava em estado de alerta respondendo a demandas de urgência; ela estava se deleitando nos ensinamentos de Seu mestre, e não tinha pressa, afinal, Ele não sairia dali correndo. Ela poderia ficar tranquila, e gastar todo o seu tempo na importância de estar exatamente onde estava, fazendo exatamente o que sabia que precisava fazer. Ao vê-la, Marta se agitou. Quem ela pensava que era para não se apressar em dar conta de todas as coisas urgentes que jamais iriam aprontar-se sozinhas? Ela precisava acordar! No entanto, ao pedir que o Mestre ordenasse que Maria despertasse e se levantasse de onde estava, Marta tem seu pedido negado. "Você está ocupada com muitas coisas, Marta! No entanto, muito pouco é necessário, na verdade uma só coisa. E Maria escolheu a boa parte." Inacreditável! Em outras palavras, o que Marta estava ouvindo era: "Os seus serviços não são importantes nesse momento. Você se apressa em dar conta de muitas demandas, e faz isso numa velocidade frenética que indica urgência para cumpri-las, tudo isso enquanto sua irmã está aqui, gastando seu tempo em aprender o que eu ensino. Dentre vocês duas, foi ela quem escolheu a boa parte (que realmente importa). E esta não lhe será tirada." Naquele dia, o coração de Marta recebeu um convite arrebatador e doloroso. Um convite a gastar-se naquilo que mais importa, enquanto aprenderia a silenciar o senso de necessidade para aquilo que é urgente, frente ao que realmente é importante.

 

A boa parte é importante. A boa parte jamais será tirada daqueles que não abrirem mão do que mais importa, em nome daquilo que mais é urgente.

 

Não me entenda mal! O objetivo dessa reflexão não é menosprezar a necessidade por cumprir as demandas de urgência. Nós vivemos num lugar onde a urgência é intrínseca à vida, e todos nós temos que aprender a LIDAR com ela, não ignorá-la.

 

Jesus não ordenou que Marta ignorasse suas demandas urgentes para sempre; certamente, Ele desejava que ela fosse uma boa mordoma de tudo o que havia sido confiado a ela. Ele, na verdade, ensinou Marta a escolher a parte que mais importava, para que assim conseguisse ordenar suas prioridades. Junto a este exemplo bíblico, temos vários outros, como:

 

Davi, enquanto rei e soldado, tinha inúmeras demandas urgentes para dar conta, mas não abriu mão do que mais era importante (Sl 55:17).

Daniel, enquanto profeta e governador, certamente lidava com muitas urgências, mas ele tinha consciência da parte mais importante, e não a negociou. (Dn 6:10).

Pedro, enquanto apóstolo e um dos maiores líderes da Igreja do Senhor no primeiro século, não renunciou a parte que mais lhe era importante, mesmo em meio a tantas urgências (At 10:9).

 

E todos eles priorizaram a importância, sem negligenciar a urgência das demandas que estavam sob sua responsabilidade. É isso o que o Senhor deseja de nossa parte. Que saibamos manter um bom testemunho de mordomos em tudo o que nos for confiado, sem jamais negociar o que realmente importa. É uma luta, não uma tarefinha a ser cumprida. Afinal...

 

Nos dias em que as demandas em casa acumularem listas e mais listas a ser preenchidas, a urgência lhe desafiará a abrir mão do que mais importa, para responder a ela com um senso frenético de necessidade. E então, sua Bíblia parecerá como uma atividade que pode esperar mais um pouco.

 

No final de semestre, quando os artigos a ser lidos acumularem montanhas em cima de sua mesa, a urgência lhe desafiará a menosprezar o que é mais importante. E então a oração parecerá dispensável frente a tantas demandas urgentes a ser cumpridas.

 

Quando o trabalho estiver cobrando tudo de você, e as responsabilidades pesarem o mundo em seus ombros, a urgência lhe desafiará a negligenciar o que mais importa, e então sua devoção ao Senhor parecerá descartável.

 

Nos dias em que o ministério estiver com milhares de pendências a ser atendidas e solucionadas, a urgência lhe desafiará ao engano da consciência, com mentiras que dizem que cumprir as urgências ministeriais é também cuidar daquilo que mais importa, e então sua vida pessoal com Deus parecerá substituível.

 

A urgência lhe desafiará a abandonar o que mais importa, em nome daquilo que é mais urgente. E no final, você estará vazio, sozinho na floresta, com as mãos cheias de joias que nada valem, porque o que realmente era importante ficou para trás, destruído lá na gruta. E então tarde demais para abraçar o que mais importa.

 

Repito, não será jamais uma tarefa simples, mas uma luta - a luta de nossas vidas; até que um dia todas as urgências sejam reduzidas a nada, e reste unicamente o que importa, e importará eternamente.

 

Até lá, eu escolho a boa parte, e ela jamais me será tirada. E quanto a você?


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